Tempestade Metálica Ano XXX - Há exato um ano festival relembrava marco histórico de Fortaleza


Por Lucas Junior:

Tempestade Metálica - Visão em Três Décadas

Naquele domingo de 11 de outubro, alguns dos presentes extrapolaram o limite da emoção. E com razão. Trinta anos depois do primeiro evento, vê-se numa quadra, ao lado dos velhos amigos, ao som das mesmas bandas que rolavam num tape deck, onde as fitas K7 jorravam fogo às caixas ardidas, decididamente nos marcou, concluindo que o tempo não é capaz de apagar a paixão pela música.

Foram, porém, duas realidades. A primeira, em 1985, realizada de forma improvisada, sem bandas, num espaço voltado a estudos, durante uma transição política conturbada, após mais de vinte anos de ditadura militar, sem que ninguém tivesse uma câmara para registrar as imagens

E a outra na era da tecnologia, com os elementos, testemunhas da anterior, com cabelos grisalhos, garotas agora Senhoras, mas a mente rica em registros de tantas curtições, shows, apenas lembranças confortantes a se contar aos filhões amados, quiçá netos. Sempre convidados para fotos, a maioria oriunda de um aparelho falante que guardamos no bolso.

Deu polícia sim na primeira. Era de se esperar. Som nas alturas, gritaria, bebedeira e missa negra. Muita onda para a vizinhança que há quarenta, cinquenta anos vivia ali, mais para o rebolado do samba de Cartola do que os acordes da guitarra do Kirk Hammett. Mas sem problemas após um bom diálogo, que inclusive se manifestou com uma turma presente, a dos punks, que curtiu ao nosso lado.

Na Tempestade Metálica Ano XXX, mais uma ideia louvável de Bremen Quixadá, procurou-se manter a característica dos Anos 80 e 90, com bandas de então, culminando com as jams fabulosas. Claro que nem todas poderiam tocar, ou voltar, afinal isso merece todo o preparo, como o caso da Asmodeus, cujo líder não se apresentava em público desde 1986, e seu baterista com um ano de experiência em baquetas contra trinta de colecionador de Heavy Metal. O Marcos da Orpheus cantou a música que compôs em 1986, adolescente; a Paranóia é de 1987, a Procreation tocava em 1988, e depois, da década de 90, Insanity, Beowulf e Darkside. Uma boa galera que testemunhei com muita honra, lamentando não poder rever toda junta.

Quem mais poderiam tocar: DDT, Zolthan, Leprous, Revenger, Cerimonial Death, não esquecendo que a Obskure havia tocado na Tempestade Cordel, e a Gstruds, que tocou muito em festivais, seria outra opção. Mas o tempo é o limite, trinta anos numa fração de horas, mais do que uma festa uma confraternização. Somos gratos a todos que colaboraram e mantêm a fé no Heavy Metal, nossa religião.

2015, o ano XXX. Voltamos no tempo curtindo a mesma música. Sem ditadura, polícia nos calços, e de carecas só alguns abençoados pelas eras. Grande festival , exemplo de organização e amor. Na minha modesta posição, só tive o que comemorar, afirmando com convicção que banguear é o gozo da minha paixão. Sem limites de tempo.

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